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Escola D’Água investe na educação para o uso adequado da água

  • admin 

Luís Henrique Marques*

“O projeto significa muito para mim, porque cresci nele; parte do que sei e defendo hoje em favor do uso correto da água é graças aos ensinamentos do Escola D’Água”, afirma Samara Geovana Reis, de 18 anos. Ela é uma “embaixadora d’Água”, título que recebeu após participar das atividades do projeto que, atualmente, reúne professores e alunos do ensino fundamental público do munícipio de Santarém-PA (localizado a 800 km de Belém e de Manaus) de 45 escolas, além de outras 25 que participam como parceiras. A jovem explica que seu aprendizado não se deve apenas às palestras e seminários, mas especialmente à convivência com professores cuja postura se tornou uma referência em termos de coerência e de determinação na luta pela preservação da água, um dos bens mais valiosos à vida no planeta.

De fato, o objetivo central do projeto é promover a formação de crianças, adolescentes e professores de escolas da rede municipal de ensino localizadas em comunidades que ficam às margens de algum curso d’água (rio, igarapé ou nascente), tendo em vista o uso sustentável da água e, desse modo, se tornem protagonistas de ações de preservação desse bem natural desde o âmbito local a uma perspectiva global. Para dar conta desse objetivo, o projeto se vale da realização de oficinas, seminários e produção de programas de rádio relacionados ao meio ambiente, com ênfase na questão da água.

“Entre as ações concretas em desenvolvimento, o Escola D’Água promove a implantação das estações de lavagem de mãos e de “escovodromos” nas escolas”, explica a professora Raimunda Lucineide Gonçalves Pinheiro, uma das líderes do projeto. Segundo a docente, essas medidas são especialmente importantes nas escolas que ficam às margens do rio Amazonas durante o período da seca, quando a água fica mais densa, cheia de lama. Ela pondera, no entanto, que essas medidas não substituem a ação das autoridades as quais precisam dar uma atenção especial ao problema, uma vez que, com frequência, as comunidades e escolas dessa região ficam sem água.

O Escola D’Água prevê também ecotécnicas de compostagens para fazer adubo orgânico, filtros alternativos, solarização para purificação de água, produção de sabão, fossa ecológica, oficina de reciclagem e reutilização de resíduos sólidos, campanha educativa de redução de uso de plásticos e microplásticos, entre outras iniciativas.

Programas de rádio

A professora Lucineide (como é mais conhecida) salienta também que a produção do programa de rádio Rios de Saberes, sobre educação ambiental, é elemento fundamental do Escola D’Água. Esses são elaborados por crianças e adolescentes e se voltam para a divulgação de ações e alternativas para melhor cuidar do meio ambiente, especialmente a água. Águas da Amazônia, Águas do Planeta, Entrevista, Radioteatro e Música são as sessões do programa. Como parte da preparação, os alunos participam de oficinas de produção de texto e locução radiofônica e de reportagem. Além disso, o projeto prevê oficinas de fotografia, jornal-mural, jornais e de vídeos educativos. A professora e jornalista Joelma Viana, vice-presidente da Rede Católica de Rádio (RCR), contribui com esse trabalho de produção radiofônica. Rio de Saberes é veiculado toda segunda-feira, a partir das 14h30 pela Rádio Rural de Santarém, além de circular via grupos de WhatsApp. É possível também acessar essa produção através da plataforma Spotify.

No momento em que foi produzida esta matéria, as atividades do Projeto Escola D’Água estavam interrompidas em função do isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19. Mesmo assim, a coordenação do projeto segue “animando a moral da tropa” mediante contatos contínuos com as escolas e professores. Além disso, os planos para o futuro não foram interrompidos. Fortalecer cada vez mais o grupo de embaixadores das águas, formar futuras lideranças para continuar esse trabalho nas comunidades locais, trabalhar com as mídias sociais e aumentar trabalho de conexão virtual entre os participantes do projeto estão entre as iniciativas previstas para dar continuidade ao Escola D’Água, diz a professora Lucineide.

Para saber mais:

https://instagram.com/escoladaguasantarem?igshid=16rl0khls2npb (Instagram) e https://www.facebook.com/escoladaguasantarem/?ti=as (Facebook).

 

* O autor é jornalista, editor-chefe da revista Cidade Nova, secretário da diretoria da SIGNIS Brasil e membro do setor de Educomunicação e Pesquisa dessa mesma associação. Essa matéria contou com a colaboração da jornalista e professora Joelma Viana, vice-presidente da Rede Católica de Rádio (RCR).

Foto: Alunos do projeto Escola D’Água gravam programa radiofônico sob a assistência da professora Joelma Viana