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Educomunicação é tema de projeto da FAZ

  • admin 

A Fundação Amazônia Sustentável-FAS (veja Box) promove uma série de projetos cujo objetivo é favorecer, no contraturno das aulas, uma formação complementar àquela que os alunos recebem no ensino fundamental e médio da rede pública do Estado do Amazonas. Um desses projetos – o Repórteres da Floresta – oferece formação no âmbito da educomunicação desde 2014. Só no ano passado, a iniciativa envolveu 78 alunos (45 meninas e 33 meninos), com idades que vão dos 12 aos 21 anos, de 4 escolas ligadas a 9 comunidades de 4 municípios. Um dos resultados práticos do projeto foi a produção de 3 jornais cujo conteúdo aborda temas e personagens das próprias comunidades dos estudantes.

Atualmente, o projeto segue com as atividades presenciais interrompidas, em função da pandemia de Covid-19. O pedagogo Anderson Mattos, gerente do Programa de Educação para Sustentabilidade da FAS no qual se insere o Repórteres da Floresta, afirma que esse momento acabou sendo propício para organizar cartilhas com o conteúdo de oficinas já ministradas e que poderão ser utilizadas por consultores nas próximas turmas. O objetivo da FAS é fazer com que o projeto chegue a mais regiões do Amazonas.

Para Mattos, mais que o aprendizado de práticas comunicativas, o projeto é um apoio ao estudo dos conteúdos escolares combinado com o exercício de mobilização das comunidades locais e seus saberes. “É também uma oportunidade de o aluno cultivar um olhar diferenciado e crítico sobre a própria realidade em que vive e dar ter voz a esses jovens”, afirma ele.

Após uma formação inicial dada voluntariamente por consultores convidados, os estudantes participam de oficinas sobre temas de comunicação, como fotografia, produção de vídeo e de texto, cuja programação varia conforme a disponibilidade de recursos humanos e materiais. Nesse sentido, a FAS conta com organizações apoiadoras, entre as quais a principal é a empresa Samsung. Cada turma do curso conta com média de 25 alunos, provenientes de uma comunidade ou de pequenas comunidades próximas umas das outras. O projeto é responsável por recolher, de barco, esses alunos e reuni-los para as atividades realizadas em uma escola local.

Por vezes, as atividades ou seus resultados vão além daqueles concebidos originalmente pelo projeto. Anderson Mattos conta que já aconteceu de matérias produzidas pelos alunos serem exibidas em emissora de TV local. Outra experiência marcante foi a participação de jovens do projeto na série Amazônidas, da Globo News. Os jovens repórteres também já colaboraram com outras ações da FAS, como a cobertura de um dos encontros promovidos pela entidade para líderes comunitários. “As matérias foram divulgadas durante o próprio evento e foram especiais por trazerem o olhar dos jovens sobre as temáticas abordadas.”

Consciência e identidade cultural

Outro fruto típico do projeto é a iniciativa de egressos do curso seguirem carreiras profissionais na área de comunicação ou darem continuidade ao projeto, em suas comunidades, por iniciativa própria. Nesse sentido, Anderson Mattos destaca a experiência de uma comunidade indígena dos kambeba, cuja atuação – sobre “repórteres” mulheres tem sido intensa.

A jornalista Macarena Mairata, assessora de imprensa da FAS, salienta que a iniciativa do projeto de levar estudantes a conhecer redações de grandes veículos de comunicação e promover o contato desses jovens com profissionais experientes tem sido outra ação importante. “O intercâmbio de conhecimento entre esses profissionais de imprensa (com seu olhar urbano da realidade) com os jovens que vivem em comunidades do interior do Amazonas é algo bastante interessante para o fortalecimento da própria identidade cultural dos estudantes”, argumenta a jornalista.

Nesse sentido, Mairata destaca a experiência da jovem Odenilse Ramos que começou no projeto com 15 anos. Natural de uma comunidade ribeirinha bem isolada, distante de Manaus, a jovem teve oportunidade de entrar em contato com muita gente, incluindo jornalistas de redações de grandes veículos de S. Paulo. Odenilse foi também convidada a falar na Organização das Nações Unidas (ONU) em nome dos jovens ribeirinhos sobre como as mudanças climáticas têm afetado a vida de comunidades como a sua. Embora tenha tido essas oportunidades, a jovem optou por permanecer em sua comunidade para a qual levou o conhecimento adquirido nessas experiências realizadas em lugares do mundo. Segundo Macarena Mairata, esse é um exemplo do sucesso do projeto em favorecer que os jovens valorizem a própria identidade cultural e os estimula a lutar por melhorias para a sua comunidade.

Confira na página do Instagram dos Repórteres da Floresta imagens e vídeos sobre o projeto: Clicando aqui https://www.instagram.com/reporteresdafloresta/channel/?hl=pt-br

Sobre a FAS

Com sede em Manaus, a Fundação Amazônia Sustentável executa projetos ambientais, sociais e econômicos voltados para a conservação da floresta amazônica. É uma organização sem fins lucrativos nem vínculos político-partidários, de utilidade pública, beneficente de assistência social. Mais informações: Clique aqui https://fas-amazonas.org/

Foto: Repórteres da Floresta em ação: práticas comunicativas valorizam a vida das comunidades (site da FAS)

Luís Henrique Marques

O autor é jornalista, editor-chefe da revista Cidade Nova, secretário da diretoria da SIGNIS Brasil e membro do setor de Educomunicação e Pesquisa dessa mesma associação.