Pular para o conteúdo
Início » Critérios que identificam experiências educomunicativas

Critérios que identificam experiências educomunicativas

  • admin 

A Educomunicação é uma área de pesquisa e conhecimento aplicada tanto na educação informal quanto na educação formal. Há muitas publicações, dissertações de mestrado, teses de doutorado, cursos de especialização sobre o assunto. Na inter-relação Comunicação e Educação, as nomenclaturas variam, sendo que algumas se limitam à educação para os meios, Media education, alfabetização midiática, Media Literacy, entre outras.

Em 2013, a Unesco publicou um Manual que contém “A Matriz Curricular e de Competências em AMI (Alfabetização Midiática Informacional). O que diferencia é que algumas posturas têm em vista a eficiência e outras o processo comunicacional, sem deixar de lado a competência e a eficiência. A Educomunicação dialoga com as diferentes propostas, mas seus princípios e metodologia, além da compreensão e leitura dos meios, do senso crítico, tem em vista o exercício da cidadania para uma sociedade fraterna, solidária e de transformação da realidade.

A Educomunicação também inclui o aspecto da participação, da gestão compartilhada e solidária dos recursos da comunicação, suas linguagens e tecnologias, levando ao fortalecimento do protagonismo dos sujeitos sociais e ao consequente exercício prático do direito universal à expressão. Uma das marcas da Educomunicação é a formação do sujeito interlocutor, seja ele aluno, agente pastoral ou profissional da comunicação para que se aproprie do conhecimento teórico e prático e possa atuar em favor da comunicação em seu ambiente e de acordo com sua realidade e cultura.

O conceito de Educomunicação quer indicar um conjunto de elementos, para além dos meios de comunicação, reconhecidos nas práticas dos agentes culturais, como constitutivos de um novo modo de trabalhar a interface comunicação e educação. Para o prof. Ismar de Oliveira Soares (2008), a Educomunicação é como o “conjunto de ações inerentes ao planejamento e avaliação de processos, programas e produtos de comunicação implementados na intencionalidade educativa, destinado a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos abertos, criativos, sob a perspectiva da gestão compartilhada e democrática dos recursos da informação no processo da aprendizagem”. Portanto, é uma experiência que pode se dar tanto no âmbito da educação formal quanto da educação informal em diferentes expressões.

Para ajudar na identificação dos elementos educomunicativos em reportagens e experiências, elencamos alguns critérios que constituem este campo de estudo e atuação, sendo que nem todos os elementos são identificados nas experiências.

O conceito de comunicação subjacente é o processo participativo, que privilegia o diálogo, a construção coletiva, reunindo pontos de vista diferentes, com vistas a um projeto conjunto. Para Paulo Freire (1986), “o diálogo é o momento em que os homens se encontram para refletir sobre sua realidade tal como a fazem e re-fazem”.
O empoderamento do sujeito, ou seja, o ser humano seja criança, jovem, adulto é sujeito ator do processo, um ser pensante, que se apropria do conhecimento e “diz a palavra”, conforme Paulo Freire.
A intervenção social. O sujeito tendo apreendido conceitos e “ferramentas”, nas diferentes linguagens, planeja, promove e articula ações de intervenção na sociedade em favor de projetos conjuntos.
A gestão compartilhada e solidária dos recursos da comunicação faz com que o poder seja distribuído, no exercício da liderança e as pessoas que vivenciam a experiência se sintam preparadas para liderar e mobilizar em favor de projetos.
Pedagogia de projetos no âmbito do desenvolvimento da comunicação, com possibilidades inovadoras, com novas linguagens em que os jovens possam exercer o poder de forma compartilhada e não hierárquica, que os movimentos sociais, grupos diversos se servem para seus objetivos.
Interface e diálogo com diferentes saberes. A comunicação dialoga com a educação, nas diferentes disciplinas, meio ambiente, mídias, pastorais, identidades culturais, problemas sociais, entre outros.
Espírito crítico cultivado pela reflexão da realidade, de notícias, que ilumina e orienta o ponto de vista da produção.

O processo de comunicação é uma teia vasta e complexa de relações entre as pessoas e seus ambientes natural e tecnológico, formando um ecossistema no qual tudo se conecta e se integra. Essa ambiência exige atitude ética, pois comunicar é estar em relação contínua e em comunhão (CNBB, 2014, p.83-84).

Os projetos educomunicativos geralmente buscam entidades parceiras para a realização e a autossustentação. É importante que as parcerias sejam de instituições afins para que não haja interferência nos objetivos essenciais do projeto.

Helena Corazza, fsp

A autora é jornalista, diretora e docente no Serviço à Pastoral da Comunicação (SEPAC), faz parte do grupo de pesquisa Mediações Educomunicativas (MECOM), ECA-USP, coordenadora do setor de Educomunicação e Pesquisa da Signis Brasil e membro do Comitê Media Education da mesma instituição.